VIDA
Não digas, coração, que a vida é triste,
Porque a vida é grandeza permanente
E a Natureza, em tudo, é um cântico de glória,
Desde o sol à semente.
Mágoas? Dizes que as mágoas lembram trevas,
Que nem de longe sabes entendê-las...
Contempla o céu noturno, revelando
Avalanches de estrelas.
Asseveras que os sonhos são feridas,
Quais picadas de espinhos agressores...
Fita o verde das árvores podadas,
Recobertas de flores.
Nos dias de aflição, ante a força das provas,
Recorda, na amargura que te oprime,
Que a ostra faz nascer do próprio seio em chaga
A pérola sublime.
Assim também, nas trilhas da existência,
Se choras sem apoio e caminhas sem paz,
Não te queixes do mundo... Serve, ama,
Espera e vencerás.
A vida!... Toda vida é luz eterna,
Escalando amplidões e buscando apogeus...
E a presença da dor, em qualquer parte,
É uma bênção de Deus.
Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia da espiritualidade. 5. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2002. Cap. 1, p. 11-12.
Maria Dolores