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Allan Kardec

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Gravidez na Adolescência


Interrupção voluntária da

gravidez na adolescência

Apartir de 1985, considerado o Ano Internacional da Juventude pela Organização das Nações Unidas (ONU), teve início um fértil período de fóruns, debates e encontros sobre gravidez, sexualidade e aborto na adolescência, em razão do significativo aumento dos índices de experiência sexual, gravidez e aborto precoces. Passadas duas décadas (1985-2006), o percentual de jovens grávidas diminuiu, especialmente nos países ricos, devido às campanhas de saúde voltadas para prevenção da gravidez. Em relação ao aborto, porém, o quadro continua desolador. A Organização Mundial da Saúde (OMS), define adolescência como a fase de transição entre a infância e a idade adulta, caracterizada por profundas alterações anatômicas, fisiológicas, mentais e sociais. O período etário situado entre os 10 e 14 anos é denominado pré-adolescência, sendo que a adolescência, propriamente dita, abrange a faixa dos 15 aos 19/20 anos. O início muito precoce da atividade sexual favorece o aumento das taxas de gravidez e as de aborto na juventude por se tratarem, em geral, de maternidade não planejada. No final dos anos 90, os índices de abortamento na adolescência revelavam uma certa estabilidade, representada oficialmente por cerca de 20/21% do universo da população jovem. Sabe-se, porém, que os registros oficiais indicam apenas uma percentagem ínfima dos valores reais. Predominavam os 94% dos abortamentos entre adolescentes de 15 a 19 anos. Esse valor, contudo, está se deslocando, de maneira assustadora, para o grupo de jovens com idade entre 10 e 14 anos. Dados estatísticos recentes indicam que 83/85% dos jovens consideram a possibilidade de aborto, quando defrontados por gravidez não prevista.5 Temerosos da reação dos pais, do abandono do namorado e das críticas dos amigos, vizinhos, colegas da escola ou de familiares, a idéia do aborto é fortemente delineada na mente juvenil para, em seguida, ser colocada em prática. Despreparada e desesperada, a jovem provoca o abortamento, por si ou com auxílio de uma amiga – igualmente desorientada–, utilizando métodos precários, sem higiene, produtores de seqüelas físicas e psíquicas, às vezes irreversíveis numa reencarnação. As condições desumanas de abortamento, associadas ou não a certas práticas primitivas, às quais os jovens se submetem, com ou sem assistência médica, é algo estarrecedor. Informações do Ministério da Saúde3 atribuem ao aborto, espontâneo ou voluntário, a principal causa de morte na adolescência e a quarta causa de morte materna. Na verdade, esses dados fornecem uma dimensão muito superficial da realidade, visto que estão fundamentados apenas nos registros das internações hospitalares ou nos atestados de óbitos. São resultados subestimados, em virtude do silêncio das mulheres sobre suas experiências e dos incalculáveis casos que ocorrem na clandestinidade. Em todas as publicações que analisam a questão do abortamento na adolescência, há consenso a respeito das motivações que provocam o ato

impensado: o sentimento de despreparo para a maternidade e a falta de condições financeiras. As adolescentes que abortam são vítimas da falta de orientação sanitária e educativa sobre o assunto; em geral, isolam-se das demais pessoas, abraçando a solidão, quando se defrontam com a gravidez não programada; fato notório é a inexistência ou escassez de diálogo familiar. São relevantes os dados que apontam para o fato de grande parte dos pais desconhecerem que as suas filhas adolescentes engravidaram e abortaram. O aborto provocado, independentemente da faixa etária em que acontece, contraria o mais elementar dos direitos humanos: o de viver. Trata-se de uma transgressão da lei de Deus, conforme esclarece a questão 358 de O Livro dos Espíritos: “[...] Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando”. As campanhas em defesa da vida, continuamente enfatizadas pelas instituições espíritas, assim como por algumas comunidades religiosas e civis, têm como finalidade despertar a população para o significado e o sentido da vida. São movimentos pacíficos caracterizados pela organização e seriedade, que procuram destacar o dom da vida, concedido por Deus a todos os seus filhos, e também neutralizar as influências nefastas das idéias materialistas ainda reinantes no Planeta. Neste contexto, é de fundamental importância que os jovens, em especial, tomem consciência de que o aborto delituoso é crime “[…] doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza... Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação”. Os processos obsessivos que se instalam, em decorrência do aborto, atormentam a existência das jovens e dos seus parceiros de Os pais devem acompanhar de perto as atividades dos filhos, apoiando-os com amor e fraternidade, em qualquer situação desafiante delito, transformando-os, ao longo da existência, em pessoas desajustadas, em razão do remorso e das amarguras que trazem na intimidade da alma. Neste contexto, os obsessores atrelam-se a esses irmãos, em regime de convivência íntima, espoliando-lhes as emanações vitais em declarado processo de vampirismo energético e de parasitose mental. […] Pelo ímã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de conduzi-lo à escabiose e à ulceração, à dipsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a vida moral, e, através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como sejam as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinqüência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patológicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte. As lideranças espíritas, sobretudo as que desenvolvem tarefas junto ao público infantil e jovem, devem priorizar ações em defesa da vida, investindo nas medidas educativas de esclarecimento e prevenção do aborto. As orientações transmitidas não podem ser limitadas a mero caráter informativo, mas devem suscitar trocas de idéias que conduzem, de forma natural, à reflexão e à conscientização morais. Os jovens e adultos, assim preparados, optam pela vida, jamais pelo aborto, ainda que surpreendidos por uma gravidez não planejada. Os pais, por outro lado, devem acompanhar de perto as atividades dos filhos, apoiando-os com amor e fraternidade, em qualquer situação desafiante, desta ou de outra natureza. As adolescentes grávidas, amparadas pelos pais e familiares, não abortam, aprendendo, por maiores que sejam, com os percalços e as dificuldades que surgem na sua existência.


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