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Allan Kardec

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A imprensa deve ser censurada


Em sua obra intitulada “A República”, Platão nos apresenta o mito da caverna. Nele o filósofo grego nos solicita um exercício de abstração no qual devemos imaginar uma caverna onde os seres humanos que alí vivem e se desenvolvem,estejam obrigados a olhar apenas para as sombras que são projetadas por um feixe de luz que vem do exterior da caverna. Para esses homens, essas sombras são um realidade inquestionável. Em algum momento um deles consegue sair da caverna e observar que as sombras são provocadas por outros homens e que a realidade é bem outra. Extasiado com o que vê, esse homem volta para informar a realidade para seus semelhantes que por não aceitarem, terminam por matar aquele que alcançou a lucidez de enxergar além da sombras.
A sociedade humana foi construída tanto pelos que insistem em enxergar as sombras, quanto pelos que desejam nos mostrar a realidade. Contudo, acreditar nas sombras faz parte de nossa zona de conforto,o que nos é conhecido e costumeiro, de forma que nos incomoda o discurso daqueles que querem nos fazer enxergar a luz. Todavia, se a sociedade avança é pelo esforço dos que, não obstante o preço que possam vir a pagar, não se eximem de seu papel de nos trazer a verdade.
Enxergar a luz é uma tarefa ainda mais difícil quando outros atores deste cenário, embora saibam da verdade, insistem em apregoar as sombras e decidem quais delas devem ser projetadas para manter os homens de costas para a realidade.
O Brasil de hoje é exemplar no entendimento destes três papéis. A população brasileira, em sua maior parte está de costas para a realidade,olhando fixamente para as sombras, até porque a escolaridade da maioria dificulta o entendimento de sua condição de prisioneiros da caverna ideológica na qual se encontram. Do outro lado, muitos mandatários do poder público apregoam, em alto, verborrágico e ruidoso som, que as sombras são a realidade última, enquanto que parte da imprensa tenta nos acordar.
Não estou querendo santificar a imprensa que,muitas vezes, também manipula a sombra ou está a serviço do mandatário de plantão. Só que ela tende muito mais, em função de seu papel e diversidade, amostrar a fatos reais.
O papel da imprensa incomoda muito, que o diga Hugo Chaves, Cristina Kirchner e seus pares no Brasil, e por isso mesmo ela vem sendo violentamente atacada, por ousar dizer a verdade, mesmo que seja o óbvio ululante. Mas eu me questiono até que ponto a população brasileira acredita na ilusão da sombra ou chegou a um ponto de anomia social, tal que tanto faz a realidade ou as sombras, afinal um país que pode eleger Tiririca como deputado federal mais votado, mesmo ele afirmando que não sabe o que um deputado faz,mostra quão confusa está a fronteira entre a realidade e a ficção.
Tiririca pode não saber muito, mas até ele sabe o que muitos deputados fazem, se vendendo e não querendo que ninguém saiba.Sendo eleito, ele vai descobrir que muitos de nossos parlamentares fazem parte de uma elite que representa a nova evolução da humanidade, afinal saímos do australopitecos, para o homo erectus, em seguida para homo sapiens, depois para o homo tecnologicus, e agora, o cume da pirâmide evolutiva homensalão.
Elegendo um palhaço como deputado talvez estejamos assumindo a condição de nosso congresso: um circo! Mas enganam-se os que pensam que nesse circo os palhaços são os congressistas. Eles na verdade estão na platéia, assistindo tudo de camarote, com seus salários e mordomias pagas às custas do verdadeiro palhaço que se encontra no picadeiro, o eleitor brasileiro.
Por isso a imprensa deve ser calada. Afinal, saber disso é muito triste,é melhor acreditar nas sombras.
Por: Rossandro Klinjey

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