O tempo que passa nos encontra atados aos deveres, às lutas, às realizações, enfim, como um fardo pertinente à condição expiatória do nosso mundo. É por demais comum esse modo de pensar.
Quase sempre se assevera que o nosso é um mundo de dores e de lágrimas sofridas, ou que, na Terra, tudo tem odor de tragédia e de lamentação.
Pensa-se, comumente, que a situação provacional do planeta imponha aos seus habitantes a convivência obrigatória com as frustrações contínuas, com as decepções ou desencantos com que tantos se enredam pelos caminhos.
Acresce-se, no rol de agruras atribuídas ao Orbe, que a cada dia vai se tornando mais difícil ter amigos verdadeiros, nessa escalada crescente de perfídias e de insinceridades.
Lamentam-se as situações desastrosas em que se chafurdaram tantas instituições familiares, dando a impressão de que o lar está falido como construção social de base.
Entretanto, fazemos coro com outros inumeráveis corações que têm o olhar voltado para o hemisfério da esperança e que se ajustam às polaridades do otimismo.
Sem contestação, encontramos pelas avenidas planetárias toda essa onda de dores, de lágrimas sofridas como os nefastos episódios das traições, do abandono, do desmazelo para com o bem, o que configura um contexto por demais preocupante, no que se refere às visões do mundo futuro.
Não deveremos enganar-nos com relação a esses quadros lamentáveis, desenhados com as cores fortes das expiações e dos negativos comprometimentos. O que precisaremos considerar é que foi Jesus, o Cristo, que nos falou das bem-aventuranças alcançadas pelos que sofressem todas as agrestias terrestres com nobreza, embora os esporões de todas as árduas pelejas.
O futuro traria as bênçãos de felizes conquistas: de justiça, de fortuna moral, de consolo e de paz para todos os que conseguissem enfrentar com galhardia as torturantes provações com suas carências gerais.
Quando acompanhamos, com os olhos de ver, os acontecimentos humanos, conseguimos verificar a existência de famílias honradas, bem estribadas na ética do amor e do trabalho, oferecendo excelentes exemplos para toda a sociedade.
Achamos amigos plenamente identificados com a honestidade da convivência, estabelecendo parcerias embelezadas pelo sentimento da fraternidade.
Deparamos homens e mulheres operosos, dinâmicos, dedicados às leis de Deus de tal maneira que conseguem influenciar positivamente todos quantos se movimentem ao seu redor.
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O mundo que experimentamos na atualidade é o mesmo que elaboramos com nossos feitos e não-feitos, com nossa luz e nossa sombra, sem que nos déssemos conta de que deveríamos retornar aos seus proscênios, mais cedo ou mais tarde, a fim de operar as correções cabíveis em nosso roteiro.
O conhecimento haurido nas fontes do Espiritismo dá-nos a certeza de que ninguém é vítima sobre o solo planetário, senão de si próprio.
Urge substituamos as longas horas de lamentação, de lamúrias, de desesperação ou de depressão, pelas atitudes que sejam capazes de ensementar a terra complexa dos corações com as sementes formosas da dignidade de viver, da boa vontade no agir, da responsabilidade perante toda e qualquer atitude tomada.
Deus não instalaria os seus bem-amados filhos num campo juncado de misérias ou de deficiências e necessidades, se isso não fosse importante e indispensável ao seu progresso, se tudo não fosse exigência da lei de causalidade, em sua divina perfeição.
Quando olharmos o nosso mundo, embora toda a sombra que sobre ele se espalha, vejamo-lo como o nosso lar planetário, belo e próprio para que possamos dar conta dos compromissos que engendramos em tempos propínquos ou longínquos, embasados em nosso livre-arbítrio.
A Terra é uma das moradas do Pai a mover-se na imensidão. Tratemos de fazer o nosso melhor trabalho, abraçando os nossos irmãos que se encontrem em nosso derredor, a fim de que, juntos, unificados no amor e no anseio de crescer, logremos construir as pontes da fraternidade entre os corações, transformando em regenerador o tempo de dores expiatórias em que nos encontramos na Humanidade.
Olympia Belém
Mensagem psicografada por Raul Teixeira, em 6 de novembro de 2009, durante a reunião ordinária do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, em Brasília, DF.
Em 22.02.2010.