Você, leitor amigo, espírita esclarecido, certamente está consciente de que o exercício da caridade é fundamental, base de nossa edificação como filhos de Deus.
Mas há um detalhe para o qual peço sua reflexão: é impossível praticar verdadeiramente a caridade, sem um componente básico, sem que esteja acompanhada de sua dileta irmã – a humildade. O médico recebe um cliente abastado e lhe dá toda a atenção, numa consulta de duas horas. Em seguida recebe um paciente do SUS, o que equivale a um ato de caridade, já que a remuneração é irrisória. Mas, sem a humildade que o inspire a não discriminar ninguém, consciente de que todos somos iguais perante Deus, tratará de despachá-lo rapidinho, à distância do comportamento caridoso. Nota-se esse problema em serviços de filantropia. Há voluntários que não se misturam com os assistidos, impondo um distanciamento e se limitando a elementares rotinas de atendimento. Outros confraternizam, conversam, interessam-se por suas dificuldades e problemas, porque vêem nos assistidos seus iguais perante Deus. Missionários como Chico Xavier, Francisco de Assis, Cairbar Schutel, madre Tereza de Calcutá, situaram-se por campeões da caridade porque eram campeões da humildade.
Richard Simonetti